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FREI CANECA
( JOAQUIM DA SILVA RABELO )
( Pernambuco – Brasil )
Joaquim da Silva Rabelo, depois Frei Joaquim do Amor Divino Rabelo, mas popularmente conhecido apenas como Frei Caneca (Recife, 20 de agosto de 1779 — Recife, 13 de janeiro de 1825), foi um religioso e político brasileiro. Esteve implicado na Revolução Pernambucana (1817)[1] e foi líder e mártir da Confederação do Equador (1824).[
Como jornalista, esteve à frente do Typhis Pernambucano. (...)
De ideias liberais, partilhava ideias republicanas.
Participou ativamente da chamada Revolução Pernambucana (1817),[1][3] que proclamou uma República e organizou o primeiro governo independente na região.
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Execução de Frei Caneca, por Murillo La Greca
GLOSA
Que um peito, Analia, sensível,
Desses teus olhos ferido
Não te caia aos pés rendido,
Me parece um impossível.
Antes só tenho por crível
Que todo a ti se transporte,
E te preste amor tão forte,
Em teu serviço jucundo,
Que te ame além do mundo,
Se amor vive além da morte.
Por essa força atrativa,
Que em ti pôs a natureza,
Minha alma d'antes ilesa
Já de ti se vê cativa.
De amor n'uma chama viva
O peito sinto-me arder;
E se posso hoje prever
Os sucessos do futuro,
Entre os fogos de amor puro
Eterno o meu há de ser.
Mais forte que o gordiano,
É o nó que a ti me prende;
Fica certa, que o não fende
Da morte o ferro tirano;
Por que trazer-te-hei de ufano
No fundo d'alma esculpida,
Ou ao nada reduzida
Deve ser a minha essência;
Que nego a sobrevivência,
Se amor dura só na vida.
Em ambas suposições
Não és de mim separada;
Que me estais amalgamada
Da mente nas sensações:
E pois modificações
Só por si não podem ser,
Hás de eterna em mim viver,
Se eu tenho uma alma imortal;
Ou, se ela é material,
Hei de amar-te até morrer.
Do livro História Geral da Literatura Pernambucana
(Séculos XVI-XX, Antologia. Por Mariano Lemos.1955):
ENTRE MARÍLIA E A PÁTRIA
Entre Marília e a pátria
Coloquei meu coração:
A pátria roubou-me todo;
Marília que chore em vão.
Quem passa a vida que eu passo,
Não deve a morte temer;
Com a morte não se assusta
Quem está sempre a morrer.
A medonha catadura
Da morte fria e cruel,
Do rosto só muda a cor
Da pátria ao filho infiel.
Tem fim a vida daquele
Que à pátria não soube amar;
A vida do patriota
Não pode o tempo acabar.
O servil acaba inglório
Da existência a curta idade:
Mas morre o liberal,
Vive toda a Eternidade!
CAMPOS, Antonio; CORDEIRO, Claudia. PERNAMBUCO, TERRA DA POESIA - Um painel da poesia pernambucana dos séculos XVI ao XXI. Recife: IMC; Rio de Janeiro: Escrituras, 2005. 628 . Ex. bibl. Antonio Miranda
DÉCIMAS
Se amor vive além da morte
Eterno o meu há-de ser:
Se amor dura só na vida
Hei de amar-te até morrer.
GLOSA
Que um peito, Anália, sensível,
Desses teus olhos ferido
Não te caia aos pés rendido,
Me parece um impossível.
Antes só tenho por crível
Que todo a ti se transporte,
E te reste amor tão forte,
Em teu serviço jocundo,
Que te ame além do mundo
Se amar vive além da morte.
Por essa força atrativa
Que te pôs a natureza.
Minha alma antes ilesa
Já de si se vê cativa.
De amor numa chama viva
O peito sinto-me arder;
E se posso hoje prever
Os sucessos do futuro,
Entre os fogos de amor puro
Eterno o mau há de ser.
Mais forte que o gordiano,
É o nó que a ti me prende:
Fica certa que não fende
Da morte o ferro tirano;
Porque trazer-te-ei ufano
Num fundo d´alma esculpida,
Ou ao nada reduzida
Deve ser a minha essência;
Que nego a sobrevivência
Se amor dura só na vida.
Em ambas suposições
Não és de mim separada;
Que me estás amalgamada
Da mente nas sensações;
E pois modificações
Só por si não pode ser.
Hás de eterna em mim viver,
Se eu tenho uma alma imortal;
Ou se ela é material,
Hei de amar-te até morrer.
(In História Geral da Literatura Pernambucana,
Séculos XV – XX), 1955, p. 25).
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Página ampliada em setembro de 2022
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Página publicada em maio de 2022
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